6.1.09

Passos

Pressa, pressa,
passam depressa
passageiros
passos apressados
enquanto... Os meus?
Esses eu os faço lentamente.
Devagar.
Desviam de mim o passo e o olhar,
sem se deterem, sem esbarrarem
sem derrubarem seus personagens.
Seguem com pressa, todos.
Na mesma cadência apressada,
passam aprisionados
passos apertados
rumo conhecido,
obstinado, insano destino.

À minha volta só pressa.
Eu atravanco a passagem no meu vagar.
Repito ditos antigos e falo de ciclos,
de ritmo e estações
com a calma que irrita
e o sorriso que enfurece, talvez.
Todos se desviam de mim
com pressa inconciliavel.
Sinto o chão,
escuto o segredo
das raízes de todas as coisas,
que me dizem,
sussuram,
revelam:
Há pés dentro das fôrmas,
das tiras,
das formas,
dos bicos,
dos saltos,
dos canos...
apertados, torcidos, doloridos,
esquecidos de fazer marcas no chão.
Mas ainda assim há pés.

Nenhum comentário:

Postar um comentário